quinta-feira, 2 de julho de 2015

Grude

Eu não sou meu Feicebuqui.
Eu não sou nada maior que um grão de areia.
Eu não sou esse corpo que me carrega,
e eu não sou essa voz, 
não apenas ela, ao menos. 
Eu sou o grão de areia que o universo torna menor que um grão de areia,
e eu sou o grão de areia que o neutrino torna imenso, 
e o ego que me torna falsamente maior que tudo isso.
Eu percebo e digo que penso,
e penso o que digo, e por isso tudo o que eu digo é mentira,
mesmo que eu seja verdadeiro.
Eu sou como um inverno em janeiro, no Sul...
Sou como um céu coberto de nuvens de chuva
num dia de céu azul: Eu não sou.
E tu sou eu.
E eu sou um tu em ti, e tu és um eu em mim.
Decifra-me, Cifra-me, Versa-me e me avessa,
e Seja-me.
Viaje-me por dentro de cada desatino,
e sê eu como tu és tu,
e sê sábio como quem olha para as estrelas e as admira,
e sabe e ama o tamanho que não tem,
pois tudo o disso é divino e belo.