quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Fênix

À esquerda a noite emprestou,
ao mar, antes azul, um cinza chumbo.
E à direita, o entardecer trouxe ao céu,
todos os laranjas do mundo!

E eis a paisagem que fez de mim,
De novo aquele quem versa...

E juro que pensei em ti,
quando surgiu a primeira estrela...




Aracaju, 10/2013.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Ventar


Lá fora o vento venta
como quisesse ser ouvido
no gemer dos galhos da figueira frondosa

lá fora o vento venta
como quisesse ser visto
no fremir dos vidros da janela velha
ou no balançar dos vestidos
das pressas que passam

lá fora o vento venta
cantiga que é canto e conta
donde ele veio e pr’onde vai

e aqui dentro o vento
que venceu a janela
e balançou a cortina
toca meu rosto
como quisesse ser sentido...

e o vento que é sentido
visto e ouvido
não sente, nem vê ou ouve
mas houve:
nos vidros e vestidos
nas copas e cortinas
e em mim,

frio como estou...

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

o gosto da chuva

gosto dos dias e dos ventos dos dias de chuva
tem tanta coisa num dia de chuva

que é preciso mais de um dia pra sentir...

terça-feira, 12 de março de 2013

Fugaz

10/09/2010

Vou fugir.
covarde é o partir
mas escolha não tenho!

O que vem de ti me prende
como jamais algo fizera
e embora prender-se eu quisera,
de aprender minh'alma não cansa:

Meu coração é meio criança
Que com doce logo se agrada...

Preciso de amores impossíveis, inspirações torpes e noites bêbadas.

Não de aconchego e carinho.
Preciso da falta de ninho
preciso ser só e triste
pois poesia alegre não existe
(ao menos não boa poesia!)

Ao turbilhão se forja o poeta!
Nasce da inquietude secreta,
da ausência de calma,
e da beleza dileta
da tristeza profunda...

Saibas: Uma alma ingrata, é poesia inata!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Da tua falta


Quantas sementes de amor
perdidas pelo caminho...

tantas quanto foram
as noites varadas
distraído pelo encontro mágico
das pontas dos teus dedos
nos cabelos meus

e isso que não te ama
mas odeia a falta de ti
que é presente e te vê
como a moldura de um belo passado
pintado em tons de desejo e ardor

isso que é mente e alma
e que odeia a falta de ti
e tem a tristeza cega
de não saber amar direito

...nem mesmo a isso que versa...

isso que contigo aprendeu
a gostar de caqui
que contigo sentiu o pulso do mar
em cada gotícula-pele
quando as vagas vieram ter às furnas...

isso não vê pior castigo
que privar-se de ti
e de tudo que veio contigo
pois isso odeia a falta de ti
mais do que odeia a isso mesmo
por odiar a falta de ti.