quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Alma e pele

O que tens me enamora,
e o que tens me devora,
entranhas, medos e inseguranças,
e o que tens me traz lembranças,
de coisas que não vivi,
e saudades dessas mesmas coisas.

E o que tens é só teu, e eu o admiro,
esse sentir pleno, destemido e vasto,
levando meus medos, de arrasto,
como um vendaval o faria a esses lençóis,
testemunhas que enfeitam meus varais e meus sonhos,
esses lençóis, que quem diria,
tanto viram e sabem, como agora eu o sei,
o quanto a pele pode servir à alma,
e o quanto a alma pode fundir-se à pele...

E eu o soube pelo brilho dos teus olhos,
naquele instante único eu o soube,
e daquele instante o levarei por toda a vida,
esse ensinamento pleno de tua pele-alma-morena,
do que é o sentir verdadeiro,
esse ensinamento agora visceral e encarnado em mim,
esse ensinamento do que é Ser real...

Reencontrei em tua pele e nessa tua loucura,
minha alma e o real e o sentido,
e minha cura.

domingo, 13 de setembro de 2015

Encontro

Não há menos nesses lábios
que se beijam,
do que almas que se tocam.

E povoam meus pensamentos,
cada curva do teu corpo.

E as sinto tão reais,
quanto permitiriam que as sentisse,
minhas mãos e minha língua.

Esse instante em que se tocam,
as almas, pelas bocas,
é tão pleno de sentir e sentido,
como o são vivas as manhãs
em que o sol visita o inverno.

Esse instante em que se tocam,
as vidas, pelas línguas,
é tão mágico e sublime,
como o são mágicos e sublimes,
esses momentos em que se entregam,
as tardes às noites de verão.

Meus lábios e os teus,
como um limiar de almas,
e os teus lábios e os meus,
como um sentido de existência...

Nesse encontro de dois mundos,
tenuemente sobrepostos,
separadamente vívidos e unos,
você e eu,
nesse deus-tempo-espaço-manifesto,
como lábios, línguas e almas.