quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Meu Jardim

tempo de poda
em meu jardim

extirpam-se folhas secas,
ramos mortos,
e todo o mau
que há em mim

sobram caule,
e folhas verdes,
algumas apenas

dada importância
de respirar

jardim podado,
faço arado
e planto semente
e rego a contento

boa semente,
estrelas, firmamento,
e terra arada,
fofa e regada

olho as estrelas
e torço que o sol
meu raio de sol,
não tarde chegar
dada a importância

de respirar
por fotossíntese

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Estocástico

Dado que A ocorreu,
(e o pobre Zé Morreu),
e dado que o Zé não sou eu,
fustigar o tempo que falta...
variável aleatória e peralta,
de um processo estocástico,
que eu não controlo,
ou processo de Pois(s)on,
independente e distribuído identicamente,
o tempo restante é uma variável aleatória,
(e sem memória)
não depende do quanto vivemos,
o tempo que inda temos...

Poisson para os saltos,
amplitudes variam, para cima e baixo,
como Poisson composta,
na roleta da existência,
cada aposta,
esperança desconhecida, e função não conhecida,
de probabilidade cumulativa,
para o tempo que resta de vida...

E um dia, o 1 chega...

sábado, 14 de agosto de 2010

Sinceridade

Num mundo tão descartável,
com tantos valores perdidos,
sobra a lembrança afável,
de dias melhores vividos...

De canto, quase esquecidos,
tal qual uma roupa surrada,
sentimentos que davam sentido,
ao respirar de quem foi vivo,
e nunca serviu de manada,
quem da razão sempre fez crivo:

Perdeu-se a sinceridade,
nas artes, atos, palavras:
Não se lavram mais as verdades,
que a vaidade humana entrava...

...visando opulência e riqueza,
em detrimento de decência e firmeza,
de caráter, justiça e verdade,
mataram a dama mais bela:

Enterraram a sinceridade.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Como a vida é simples...

Engraçado como a tristeza,
se esvai com um verso ou dois:
Basta deixar de moleza,
escrever agora, e pensar depois!

À alma morta

O apreço que guardo
por silêncio e reserva,
preserva o que é nato,
e amplia o que enerva...

A cada percalço no verso,
perverso se sente o poeta:
Não poder escrever o universo,
da tristeza da alma discreta...

Maldita ideia funesta,
evitar a honesta empresa,
de deixar sair o que sente...

Ao mundo então, tão somente,
dado que ninguém se importa,
as migalhas da mente doente,
do poeta da alma morta...