sexta-feira, 30 de julho de 2010

Funeral à céu aberto

O centro quase parou,
muitos vieram pra ver,
a vida que então cessou,
embaixo de um carro vermelho.
-
Alguns viram das calçadas,
outros, nem ver quiseram,
uns amontoaram-se às sacadas,
e mais pessoas vieram.
-
Ambulâncias então chegaram,
o trânsito foi desviado,
e homens da lei cercaram,
malogrado carro vermelho!
-
Levaram o corpo sem vida,
restante, apenas matéria,
a alma portanto exaurida,
seguiu em jornada etérea.
-
O guincho com o carro partiu,
mas há vermelho no chão,
da vida que se extinguiu,
de um filho, pai, ou irmão,
-
d'algum outro qualquer,
que chance teve, sequer,
do que narra o desconhecido,
estar por perto pra ver:
-
Seu ente amado e querido,
embaixo de um carro... morrer...

D'Algumas pessoas...

parparlhar de folhas de chumbo,
arrulhar de um mundo de pombos,
sons de grunhidos ao fundo,
emanam de todos escombros...

resquícios d'alguma moral,
que assombram os pesadelos,
daqueles que para o mal,
ousaram guiar os apelos...

para tais ainda restam,
as noites mal dormidas,
que verdades pra si contestam...

e pálpebras escurecidas,
que dores na consciência...
...atestam.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Pensamento número um:

Você será feliz quando não precisar ser aceito.

E livre quando não precisar ser compreendido.

domingo, 11 de julho de 2010

A mágoa e a pena

Enquanto a pena desliza,
mais uma mágoa se esvai;
Da pena que então escraviza,
foge aquela que nunca sai...

A mágoa que a pena não alcança,
fundiu-se a alma do poeta,
inalcançável à qualquer lembrança,
dança e sorri enquanto à pena flerta...

E zomba da pena que nem criança:
Fazendo tromba, e fugindo esperta!

A pena

O sono não veio,
já cedo, tão tarde...
A noite, ao meio,
e a pena, covarde!

domingo, 4 de julho de 2010

Responde então, Dulce Maria

Respondera Dulce Maria,
ao marinheiro que tanto amava..

No teor de sua poesia,
saudade nos dias que contava...

E a solidão que então sentia,
de seus versos emanava...

...

“Em noites de meu pensar,
brilha estrela solitária,
ante o pesaroso luar...

Minh'alma temerária,
suspira ao vislumbrar,
quem te orienta ao navegares...

Avistar a estrela Polar,
só faz aumentar suspiros,
invés de mitigar pesares...

Noticias a mim tua morte,
e como esperas que me sinta?

Esperas que então eu minta,
que diga ser tão forte,
que possa seguir em frente,
que teria ainda um norte,
ou poderia ser contente,
Longe de teu peito?

Partistes contra a vontade,
desta que então te escreve,
logrei a Deus piedade,
de trazer-te são, em breve...

Mas o mar que de mim te leva,
e a Dama que se aproxima,
o desfecho que então se enleva,
é fadar de dor minha sina...

Não verte-ei chegar ao porto,
em lustroso madeiral, morto,
posto não suportaria...

Meu Ulisses, amor meu,
antes que morto a mim te tragam,
por veneno... morro eu!