domingo, 13 de fevereiro de 2011

Für Elise

a despeito da multidão
alarido de rua e de tudo
turbilhão de gente e povo
te encontraria sem ver-te.

Lá estarei
feito vulto
olhando inerte

em vigília de teus passos
um voyeur de teus jeitos
em cada passeio por onde transitas
em viela qualquer do bairro que habitas

guardarei eu um de teus lados
e dele farei minha morada:
Da tua esquerda a alma penada,
serei eu até o fim de teus dias...

O dia em que a noite perdeu

quis ouvir o silêncio
mas essa noite não pára
não tarda barulho ou outro
em visitar minha sacada...

verdes folhas das palmeiras
vestidas de cinza escuro
estalam ao gosto do vento frio
que açoita minha janela.

quis ouvir quem deixou a noite
para sempre morrer nos passos
de um passante desavisado...

noite fajuta essa!
nem pereceu noite:

o horizonte sequer foi negro
e o céu não mostrou estrelas
só cinza-chumbo-sem-graça
por trás das árvores-casas-latidos

e eu a li e batizei:
o dia em que a noite perdeu
o silêncio
o viço
e o breu...

e o encanto.

sábado, 12 de fevereiro de 2011