Lá fora o vento venta
como quisesse ser
ouvido
no gemer dos
galhos da figueira frondosa
lá fora o vento
venta
como quisesse ser
visto
no fremir dos
vidros da janela velha
ou no balançar dos
vestidos
das pressas que
passam
lá fora o vento
venta
cantiga que é
canto e conta
donde ele veio e pr’onde
vai
e aqui dentro o
vento
que venceu a
janela
e balançou a
cortina
toca meu rosto
como quisesse ser
sentido...
e o vento que é
sentido
visto e ouvido
não sente, nem vê
ou ouve
mas houve:
nos vidros e
vestidos
nas copas e
cortinas
e em mim,
frio como estou...
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