sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Clara

Queres parar?

O fogo toma conta,
incendeia a floresta,
da fagulha não mais resta,
sequer alguma ponta!

Logo o fogo, incontrolável,
cerca, por todos lados,
e aflora de forma afável,
os mais doces dos pecados!

E eu te toco!

E me sentes,
mesmos, distantes,
estamos presentes...

Mesmo passados,
somos correntes...


E me prendes...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Habite-se

O mundo que habito,
por vezes, sem cor,
noutras, bonito,

Tem peso de ar,
e cheiro de vento...

E feito do que invento,
nada tem de constrito,
é ilimitado, infinito,
feito do que imagino...

O mundo que frequento,
é mundo do aprendiz,
feliz poeta, Desatino!

Tão sem fronteiras,
eiras ou beiras,
um mundo irrestrito!

Sem mentira ou verdade,
e nada de tiranias,
e sim gosto de liberdade!

Feito de fantasia,
sem traumas ou apatias,
n'alma está recluso,
esse mundo tão confuso...

Minha droga mais querida,
minha fuga preferida,
disso tudo, anestesia,
é decerto esse meu mundo,
conhecido por Poesia...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Palavra...

E queima, cor de sol...
e teima, ah, teima...
firme, pede passagem,
não perde viagem,
nem se arrepende...

A palavra é o que há,
e discretiza...
e escraviza...
tanto quanto um gosto,
ou um querer...

O poder da palavra está
onde a palavra falha...
quem quer que dela se valha,
é falho.

Palavra não é ato,
palavra não tem cheiro ou cor,
mas ela mostra o substrato,
ou tenta...

A palavra descreve,
a palavra se atreve,
levar adiante,
sua mais grave falha:
a palavra se atrapalha!
Por si só,
quando tenta explicar,
dificulta,
seja ela domada, seja ela culta...

A palavra quando sai,
já sai torta...
e quando chega,
chega...
mas chega morta...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Solto

Finalmente,
nossos...

Sou meu,
tu és tua,
fostes minha,
e eu, fui teu...

Num quarto,
de pousada,
testemunhou,
o mar...

Vigiava-nos!
ao longe,
o que marulho,
ensurdeceu,
e ondas,
acobertaram...

Marulho,
salgado,
adentrando,
a janela...

a brisa,
gélida,
e fria,
como noite,
qualquer,
de inverno,
da sacada...

e ali,
inerte,
presa,
por mim...

meus braços,
correntes,
ancoram,
meu ser,
em ti...

porto,
inseguro,
porto,
futuro
algum,
reserva
o amanhã...

só partir...

e presente,
na lembrança,
sempre,
na imensidão,
do marulho,
que ecoa,
em mim...

você...

sábado, 9 de outubro de 2010

Nulidade

Nulo não é branco,
é algo bem mais franco:

Nulo é discordar de tudo,
do que está posto,
e do que é o mundo...

De não concordar, motivo,
resulta de grande crivo,
nada tem de analfabetismo,
e é portanto, nada nocivo:

Motivo não é apatia ou sinismo,
Quiçá, o é exato oposto:
Muitas horas de estudo,
e bons punhados de desgosto...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pensamento número dois

É paradoxal a busca incessante pelo prazer de uma aspiração atingida.

Geralmente o prazer é bem menor do que parecia no início do caminho.