sexta-feira, 30 de abril de 2010

Poesia verdadeira

Poesia verdadeira

Ser verdadeiro,
de todo, por inteiro,
em algumas poucas linhas...

Pôr para fora a alma,
o que de dentro vem,
rimar a contento,
ao mostrar o que se tem,
e o que se é...

Dispor as frases bem,
por vezes é questão de fé...

O escrever é tão complexo,
de começo, tão confuso,
embaralhado e desconexo,
tão fugidio, quase um abuso!

De repente toma forma,
um substrato emocional,
ante toda e qualquer norma,
do ser dito racional:

E o nome disso, meus caros,
quem diria... É poesia!

Irrompe a represa moral,
na mais visceral empresa,
mostrar o que diferencia,
(procurando alguma beleza!)
o Humano do que é símio!

E o que nos distancia?
No que o humano é exímio?

Ingenuamente crer no amor,
abstrair o raciocínio,
da consciência ser consciente,
e ser mais de um, dentro da mente.

E nada pode ser mais verdadeiro que isso.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Maria, recebi teu aceite!

Enviastes teu aceite,
porquanto estou feliz,
conquanto não rejeites,
novo escrito que te fiz...

Não vejo em tal escrito,
algo heroico ou meritoso,
penso ser ele constrito,
frente a seu dever honroso:

Entoar a quem difama,
teu versar muito jeitoso,
cantar de quem desama,
tal ato, tão desditoso!

Entro agora, no refrão,
sonoro, e a eles, sobre Verdade:
Imploro, pois então:
Dispam-se de Vaidade!

Despojem-se agora,
sem demora ou desgosto,
do receio de viver!

Posto que tal receio,
de enganar-se é meio,
da falsidade é recreio,
e do bom versar é alheio!

Digo termos, livres disto...
Meio poeta!

Para receita de uma Maria,
algo mui mais completo,
cogita-se um quinhão,
de algo bem seleto:

Chama-se Sentimento,
(uns conhecem por tormento...)
De longe, neste momento,
meu ingrediente predileto!

sábado, 24 de abril de 2010

Maria, me adiciona no Orkut?

Bom dia, Maria!
Belo aparte,
linda poesia!

Nenhuma plastia,
no todo ou em parte,
melhor tornaria,
tão bela arte!

Apresento-me agora,
prometo ser breve,
a ansiedade devora,
quem te escreve:

Velho ainda não sou,
nada tenho, de menino:
O tempo a mim destinou,
por alcunha, Desatino!

Encantou-me tua poesia,
maestria e comoção,
nada melhor o faria,
tens retórica e emoção!

Quero partilhar,
desta tua convivência:
Anseia por teus versos,
minha aflita consciência...

Jures a meu deleite,
mostre-me um belo verso,
em ansiedade estou imerso,
enquanto aguardo teu aceite!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Viver no futuro não é viver

Viver no futuro,
ignorar o agora,
é tiro no escuro,
cultivar a demora...

...ou ficar sobre o muro...

Deixarei-te ir,
indecisão, não tolero!
Podes portanto, partir:
Teu retorno,
não mais espero...

...ou mesmo quero...

O que terás de mim?
Sempre descrença!
E um naco assim,
de indiferença!

Não há indeciso,
ou procrastinador*,
que algo mereça,
de minha querença...

...ou de meu amor...

Árvore seca

Quase inerte,
a despeito de qualquer vento,
destoa no firmamento,
qual paisagem nalguma arte...

Tão sóbrio canto,
seus galhos então estalam,
forma-se triste poema,
que os ventos então embalam...

Pouco ela se move,
alegria alguma finge,
posto que todos comove,
o canto que ela inflige...

Seu hino tão solitário,
vem de além da velha cerca,
ser por natureza gregário,
entoa seu corolário:
A solidão da árvore seca.

Coletivo

Coletivo...
bem comum:
Um para todos,
e esses em um!

Vai-se em apertos,
e solavancos,
anda-se aos trancos,
desce-se barrancos!

O coletivo é de cada um,
portanto, de ninguém,
no sacolejo, no vaivém,
vai-se tio, sobrinha, neném.

Assim também o poeta,
em postura discreta,
no fundo do coletivo,
porta papel,
e comportamento instintivo:

Escreve e observa,
o povo passivo,
que tanto o enerva...

A caneta?
Escapolindo!
mais um verso,
vai-se indo,
no jeito de uma toada...

Culpo o motorista,
que dirigindo,
deve pensar,
levar boiada!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Raio de sol

Como medir
um raio de sol?
É preciso sentir...

Meço um raio de sol,
comparando-o a ti,
posto o que senti,
tão logo a vi:

Tamanha alvura,
quando chegastes,
tão forte fulgura,
meus olhos cegastes!

Ah, e meu peito...
Outrora tão morto,
por agora, tão morno...
Dulcíssimo efeito!

Tudo iluminastes,
meus rumos, mudastes...
Mas meus prumos... perdi.

sábado, 10 de abril de 2010

Ao niilista

Tão vazia é a vida,
daquele que é niilista.

É tão triste quem não exita,
sobre os porquês de sua existência,
ou sobre a nobreza da consciência,
ou sobre o que de além exista.

A beleza não vem da resposta,
do que gosto, logo explico,
e descomplico pois, a questão:

De antemão a graça morre,
quando ninguém mais discorre,
sobre seu objetivo existencial,
sobre a distinção entre bem e mal,
e o que é ou não natural.

Perder isso é perder o viço,
ser omisso aos porquês é ser triste,
pois sem porquês, o Humano inexiste.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Motivação

Mas o que forja o poeta?
Questão primaz esta,
a ser portanto respondida:
Um tanto quanto de desmedida,
paixão não correspondida...

E alguma ausência de sorte,
numa experiência de quase morte...

E uma inquietude doída,
que remédio algum ameniza,
tal qual aberta ferida,
que o tempo não cicatriza:

Sobretudo, desconhecimento:
É decerto questão futura,
para além do firmamento.

Sobra então manter postura,
e abstrair-se do tormento,
inflar alguma vela,
e deixar-se ir ao vento.

Na vida não há manual,
que dirá então previsão,
distância entre bem e mal,
ou espaço para revisão.

Que venha então o vento,
pois as velas estão infladas.

Os Anões

Cavalgam cogumelos,
muitos e muitos anões,
de belos coloridos,
altivos e sabidos,
incontáveis anões...
...aos borbotões...

Uns contam seus oiros,
outros loiros, lorotas,
os azuis descascam bergamotas,
e os amarelos entoam cantigas,
das de roda, das mais antigas,
sobre proezas, odisséias e destrezas,
sobre Dalilas, Nicéias e tristezas...
...e Ninfas...

Os anões não findam,
cada qual com suas mentiras,
suas iras e auguras,
desventuras e desmedidas,
bravuras de alguma estória,
fruto de certa loucura,
ou de um lapso de memória.

Os anões tem grande apreço,
pelas coisas mais mundanas...
é sabido seu endereço:
Basta virar alguma esquina,
de uma fértil mente humana...

sábado, 3 de abril de 2010

A Prece

A bênção do fim do dia,
com imensa alegria Lhe peço,
Ao pão de hoje agradeço,
e começo a rezar o terço!

Busco conselho e sabedoria,
pois sinto imensa alegria,
mas tenho certo receio:
Não sei se tal menina partilha,
do que com tanto ímpeto anseio:

Não sei se devo dizer,
falar a ela o que quero,
dizer que dela eu espero,
um beijo ao entardecer,
e um afago puro e sincero.

Um beijo não mata ninguém,
levar um fora também...
Então, o que é que tem?
Bela prece, essa...

...Amém...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sorria

Então sorria.
Simples assim:
Mostres teus dentes,
sejas contente,
sorrias para mim!

Nem um pouco importa,
Se você está em cacos,
Pois em mim são parcos,
os sentimentos por ti.

Estampes um sorriso no rosto,
ocultes todo e qualquer desgosto,
Não importam teus sofrimentos,
não causam a mim tormento,
nem me deixam angustiado.

Como tudo que é passado,
o que sinto por nossa história,
é tão belo enquanto guardado,
N'algum canto da memória.

Fofocas

Do que fazer a falta,
para a fofoca, é prato cheio!
A boa conduta ressalta:
Não ocupar-se do que é alheio...

Quem do que é de outrem,
não se dissocia e se ocupa,
digo o que tem na cuca,
esse que se alimenta de fofocas:

Tão infrutífero e débil intento,
se não for porção de vento,
bons punhados, de minhocas!

Ao que vive, o tempo é escasso,
marca passo, quem fofoca:
Na vida é grande retardo,
quem não usa, para o seu arado,
seu quinhão de vento, e de minhocas.

Amor irrecuperável

Amor não vivido,
é amor irrecuperável...
Já amor destemido,
é doce, nobre, e afável.

Pouco de afável,
tem a paixão:
Inexorável, sim,
como um turbilhão!

Não embaraça o ser,
que dela se compraz;
A paixão é devassa:
traz fervor quando vem,
e abstinência quando passa...

O tempo a desfaz, por certo:
A paixão nunca se demora;
Sua intensidade devora:
O peito, o ideal, e alma...

E o poeta.

Monopólio

É envolvente,
o vil metal!
Torpe e demente
o jogo flui...

O oponente,
sem clemência,
o jogar,
o destitui;

Da falência,
resta o espólio...
Triste jogo,
o Monopólio!

Parnaso

Parnaso!

Formosidade!
Teu rosto...
bem verdade?!
Apraz o gosto!

Tua forma?
Parnasiana!

Beldade!
Curto nome:
Três letrinhas:
Linda Ana.

Alguns detalhes

Assaltas meus pensamentos,
nos devaneios por vezes febris,
ah! Deus sabe como quis!

Ter-te, aqui e agora,
eu clamei teu nome!

Arauto disto este poema,
mestre de alguns detalhes,
ocultos, sinceros e verdadeiros.

Das doçuras do caminho

Ah! Se todos os caminhos levassem a tua boca!
Seria a vida tão mais doce;
queria eu que assim fosse...

Simples a vida seria:
Caminharia os caminhos,
de infinitos ladrilhos,
de longos os trilhos,

Para ter nos olhos o brilho,
resultante da doçura,
de um instante de loucura,
da delícia do teu beijo!

Valiosa aliada...

Além das fronteiras de tua alma
Calma esteve minha aliada...
Grande valia teve a bendita!

Sorrateira e renitente,
insistente e matreira,
nos meandros do teu ego,
tua vontade fez carreira!

Às portas de tua boca,
Ei-la então, a minha...

E já dançam as vontades!
Titubeiam belos passos...
ai-se indo o embaraço
e se enlaçam então as línguas [...]

Menina...

Serelepe!
Por que os repeles,
tais apelos?

ocultes o querer,
mates teu Ser,
assim só se padece!

Contra isso que arde,
que bem verdade,
tem nome, é vontade:

Vão é o esforço
que o tempo esmorece...
vã é a prece
que o lábio conhece!

Dois relógios

Dois relógios

Sete dias na semana
largos passos, nobre tempo
Sendo março ou janeiro,
marcha escasso e zombeteiro.

No relógio de pulso o tempo,
é como o próprio tempo se vê,
o relógio de areia já mostra,
o que a vida não tenta esconder:

No pulso o ponteiro circunda
e fim jamais ele encontra,
a areia mostra a verdade
que ao que é vivo conta:

Enquanto a areia desce,
o tempo se esvai astuto,
e um minuto que a vida acresce,
é um minuto que vai, arguto.

O que te faz feliz?

Praia e calor,
pomada no nariz,
um beijo roubado,
um pedaço de bis!

Um mala calado!
Escapar por um triz!
Palavrão desaforado,
daqueles que não se diz!

Um quente chá de anis,
e à noite que se anuncia,
ter a companhia que quis...

Uma donzela nos modos,
na cama, meretriz!
São essas singelas coisas
que fazem disso feliz!

Pimentinha

Que teriam os dias de graça,
sem um pouco de tempero?
manhãs mornas e frias noites,
não houvesse certa pirraça!

Tive já uma pimentinha...
Ao paladar, forte sabor tinha,
seu gosto, levarei ao sempre...

Vou murmurar, ao findo momento,
quando minha vida aos olhos passar,
antes das janelas d'alma cerrar,
leve, qual prece ao vento:

Marcia, desse jeito: Sem acento!

Mundo velho (Alma livre e Eu)

Mundo velho, mundo cão,
de transtornos e solidão,
velho mundo, mudou tanto,
que já está entrando areia...

Na veia não há mais sangue,
não há nada além de pranto,
e muito causa de espanto,
que nada disso nos espante!

Na moral do velho mundo,
o que não presta pisoteia,
o que é ruim, vem aumentando,
o que é bom, ninguém semeia!

Ninguém percebe o que permeia,
o coração de quem habita,
este velho e torto mundo:
o que lá tem é pouco fecundo,
tão triste e imundo...

Deste mundo sem beira ou eira,
vem a sorte derradeira:
Virá tal sorte a cavalo,
troteando as vaidades alheias...

Será então o fim de muita coisa:

Das colheitas sem plantio,
do amor ao que é vazio,
ao niilista por natureza.

Será finda a dor,
a febre e a tristeza,
a fraqueza de caráter!

Ansiamos serem extintas,
a presteza interesseira,
a ausência de bom senso,
a falta de nobreza,
a mediocridade e a avareza,
a inércia e a pasmaceira.

Pois para o velho,
há sempre o novo,
e para o novo,
sempre há tempo...

...quando há vontade,
iniciativa,
um pouco de bondade,
e uma mente criativa...

Virá um mundo novo,
de amor sincero e puro,
do que temos de melhor,
da luz ante o escuro...

E Conhecimento livre...

Dos Políticos

Porcos: todos o são.
E mais vos digo:
Sem exceção.

Mensalinho,
Concessão,
Castelinho,
Mensalão.

Sai ano:
Eleição.
Entra ano:
Decepção.

Pelo cano,
a distinção.
Generalizo,
pois então:

Porcos: todos o são.
E mais vos digo:
Sem exceção.

Meu vício (Cah Escher e eu)

És meu vício.
Sem mais, e sem menos
não importa a hora;
No fim ou no início...

Depois ou antes,
és o que preciso;
Meu corpo implora
por ti, agora!
Sem pudor, decoro ou demora

Sê meu ópio;
Me consome,
sem regras,
por horas...

teu corpo, sem amor
só vício...
Num grito, termine,
e volte ao início!

Descarte

Talvez para mal,
quiçá para bem,
agora os tem...

Que sejam diminutos,
os cinco desesperados,
torpes e débeis,
por certo inférteis,
tais cinco minutos...

Desfrute tal tempo,
no vão intento,
que julgas arte:

Faça seu juramento.
Juro minha parte,
pelo Santo Firmamento:
Tudo que disseres,
Destino terá: Descarte.

Só se quiseres

Se achares que tens de voltar, volte
se pensares ser melhor me deixar, solte
as amarras, as cordas e os medos
esqueça os segredos, as bocas e caras...
E vá.

Mas se queres voltar, saibas
que embora a saudade de ti
em meu peito já não caiba,
sobra a desilusão que vivi
certo rancor, e alguma mágoa...

Se queres mesmo voltar,
não penses apenas aportar,
não venhas por vir: demores!
Não chegues a passeio,
pois muito anseio, que ancores.