quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

33

Me movo pelo mundo ou o mundo se move por mim?
Passo pelo mundo ou o mundo passa por mim?
Sou parte do mundo ou o mundo é parte de mim?
Sou parte do mundo ou o mundo parte de mim?

São 33 anos,
são 33 vidas,
às vezes mais e noutras menos,
são.

Passo pelo tempo,
E o tempo é o lugar que o espaço ocupa:
O tempo é a forma de não pirar da cuca.

São 33 anos,
são 33 vidas,
às vezes mais e noutras menos,
louco.

Passo pelo tempo,
e no tempo me movo e estou contido:
O tempo é o meio em que sou vivido.

Me movo pelo tempo ou o tempo se move por mim?
Passo pelo tempo ou o tempo passa por mim?
Sou parte do tempo ou o tempo é parte de mim?
Sou parte do tempo ou o tempo parte de mim?

São 33 anos,
são 33 vidas,
às vezes mais e noutras menos,
lúcido.

Passo pelo mundo,
E o mundo é o lugar que o tempo acontece:
O mundo é o agora que o processo merece.

Me movo pelo processo ou o processo se move por mim?
Passo pelo processo ou o processo passa por mim?
Sou parte do processo ou o processo é parte de mim?
Sou parte do processo ou o processo parte de mim?

Mundo, tempo, processo,
amor, espaço e divino,
enquanto no tempo não cesso
(e espero que tarde o Destino),
pelo Presente, presente passo,
atento ao que passa pelo cristalino:

São 33 anos,
são 33 perspectividas.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Estando

Sou estar.

Um estar constante e perecível,
e um tanto sensível à lua cheia,
sou coração e alma e processo,
e pele e carne e sangue e veia,
que pelo tempo trilha:
Sou essa ilha, sou essa aldeia,
em meio ao instante gasto,
e não sou puro e nem sou casto,
nem alheio ao pasto e ao ar,
por ser vida e biologia,
levo essa Vontade de arrasto,
bastarda filha do respirar,
se expandindo pelo lastro,
desse escuro e vasto Universo:
Sou de Deus o Verbo e o Verso,
divino réu confesso vagando errante,
uma ilha-aldeia em meio ao instante,
que nem sabe porque existe.

Mas sou feito de amor e éter,
que por ter sido e ser, insiste,
em viver por respirar,
e respirar por aprender.

Sou crença que perpetua no tempo,
por insistir e crer que há razão de perpetuar-se,
nada mais, nada menos:

D'Eus.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Paragens

Pedi ao vento que trouxesse amor,
e ele fez de mim poesia,
preu buscar o amor noutras paragens,
mas tudo o que via eram tuas imagens,
nessas damas que encontrei pelo caminho,
e minuano frio, segui sozinho,
e minha mente confusa pra mim mentia,
pois se eram as tuas imagens o que eu via,
sentia não amor, mas sim saudade,
falta e dor que só por maldade,
covarde em meu peito se instala e abriga,
me entala e maltrata e minha alma fustiga,
buscar-te nas outras, cidade em cidade.

Carnaval

Que eu seja o coveiro que enterra a decência,
e que eu seja o terno do coveiro,
preto e fúnebre,
e que eu seja o funeral inteiro,
e as mãos enlutadas levando o caixão,
e a tristeza que não veio.

E que eu seja paetê e a pá e a terra,
e me derramem sobre a decência,
para que eu a sinta fria e morta sob mim.

E que eu seja a viúva e que eu não chore,
pois decência alguma merece lágrimas.

E que eu seja livre para a volúpia e a luxúria,
E que eu trepe e sambe sobre o caixão da decência,
E que eu seja meio do mais intenso carnaval,
diabolicamente divino,
divinamente humano e mortal,
quase que candidamente insano.

Dia de Sul

O sol repousa, manso,
sobre o campo verde,
e a garoa fina
perfuma a terra.

O que dizer que não disse o dia?