quarta-feira, 23 de março de 2011

Vento-Verso

tem vezes que me entendo
como um dia de inverno
e me prendo olhando o céu

pois sou eu naquelas palavras
atrás das nuvens nubladas
de um dia escuro e cinza

e faço de minhas moradas
todas as horas fadadas
a pintar na folha a paisagem

e nelas também me escondo
de mim que sou negras nuvens
e tempo.

Mas uso preto no branco
caneta e papel e tinteiro
nunca pincel ou ditos ou guache...

E para cada porção de segundos
dissipando uma nuvem distante
me escondo por horas, errante
até que um verso-vento me descubra
e eu enfim me ache.