sexta-feira, 9 de abril de 2010

Motivação

Mas o que forja o poeta?
Questão primaz esta,
a ser portanto respondida:
Um tanto quanto de desmedida,
paixão não correspondida...

E alguma ausência de sorte,
numa experiência de quase morte...

E uma inquietude doída,
que remédio algum ameniza,
tal qual aberta ferida,
que o tempo não cicatriza:

Sobretudo, desconhecimento:
É decerto questão futura,
para além do firmamento.

Sobra então manter postura,
e abstrair-se do tormento,
inflar alguma vela,
e deixar-se ir ao vento.

Na vida não há manual,
que dirá então previsão,
distância entre bem e mal,
ou espaço para revisão.

Que venha então o vento,
pois as velas estão infladas.

Os Anões

Cavalgam cogumelos,
muitos e muitos anões,
de belos coloridos,
altivos e sabidos,
incontáveis anões...
...aos borbotões...

Uns contam seus oiros,
outros loiros, lorotas,
os azuis descascam bergamotas,
e os amarelos entoam cantigas,
das de roda, das mais antigas,
sobre proezas, odisséias e destrezas,
sobre Dalilas, Nicéias e tristezas...
...e Ninfas...

Os anões não findam,
cada qual com suas mentiras,
suas iras e auguras,
desventuras e desmedidas,
bravuras de alguma estória,
fruto de certa loucura,
ou de um lapso de memória.

Os anões tem grande apreço,
pelas coisas mais mundanas...
é sabido seu endereço:
Basta virar alguma esquina,
de uma fértil mente humana...