quarta-feira, 15 de junho de 2016

Coletivos de mim (poema coletivo)

*O poema abaixo foi feito por muitas mãos. As pessoas estavam em um bate-papo, e foram dizendo as frases e juntamos. O tema inicial era "Falta".


Lá fora é lua crescente,
e a tela é só tua ausência,
e se a tela me olha, nem estranho,
não te ver me levar à demência!

Tua falta me arde e me rasga,
essa dor que é saudade, e corrói,
se eu soubesse que amar tanto dói,
gritaria essa dor que me engasga!

Sozinha eu escuto o marulho,
desses nós de dentro mim,
como pôde o dizer do teu nome,
tão amado principiar o meu fim?

Se eu desejo apenas teu riso,
e nesse querer sempre me deparo,
é por ser caro esse amor que preciso,
e aos sete ventos por ti declaro!

Se sigo te querendo, e sou incompleto,
feito uma lástima num dia esquecida,
tenho o direito de fugir do teu tão perto,
pra não me ver num manicômio, enlouquecida!

terça-feira, 14 de junho de 2016

terça-feira, 7 de junho de 2016

Pedro

Pedro [Micro-conto]

Pedro abriu a porta da estante. Dentro dela havia um fim de tarde muito bonito, e um gramado viçoso, onde corriam crianças com seus cães, brincando de pegar. Havia algumas pessoas sentadas sobre toalhas coloridas, lanchando. Todas aquelas pessoas verde-limão pareciam muito felizes. Pedro fechou a porta da estante, preocupado e pensativo: O que haveria na gaveta?

Pedro parou um instante: Não sabia se deveria abri-la ou não. A gaveta era menor, então talvez não comportasse uma tarde inteira... Será que haveria na gaveta as mesmas pessoas verde-limão? Será que também haveria nela crianças e cães? E se saíssem da gaveta exércitos de criaturas estranhas e desconhecidas? E se essas criaturas tomassem sua casa e sua rua, ou quem sabe, o mundo? Acalmou sua mente e seu coração, e pôs a mão direita sobre o puxador... sentiu a coragem crescendo dentro de si, sentiu-se bravo como um leão – "mas leões não são bravos..." – pensou – "leões são covardes... a gaveta” – suor sobre a testa, olhar fixo, o peso do mundo nos ombros... vagarosamente abriu a gaveta, como se abrisse a caixa de Pandora:

– “Por Deus! São duas colheres!”