segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Do real

O real é a sopa feita de todas as coisas
que ingerimos de alguma forma,
e o real é a Energia que se submete
à Norma de estar no tempo.

O real é essa pintura que fazemos,
dentro e sempre dentro de nós,
e sobre a tela que temos,
e com as cores das quais dispomos,
mal acabada, pobre e torta como somos.

O real é uma mentira que contamos,
para a parte de nós que vê e sente:
Mentira rota sobre o que é o Presente.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Efeito

Tanto os pássaros em seus ninhos,
e sua liberdade, agora canto,
como o fluxo desse rio,
adornado pelas sombras dessas árvores,
ausências sentidas da luz desse morno sol,
prisioneira luz dessas folhas verdes,
com as quais a brisa dança,
tanto quanto o destemido fio de luz,
deste mesmo morno sol,
que valente se faz caminho,
pelo ar e por entre as sombras,
para regalar-se à corrente e ao rio...

Todo esse dia, tão pleno e vital,
Todo esse dia, tão verde e morno e vivo,
Todo esse dia grita a quem quer escutar e ver,
o segredo simples do que é ser feliz:
Aceitar e entender e amar o fato maior,
de que para além das coisas que importam e vivem,
há o nada.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Poeira

Mesmo que escrevas como um poeta,
mesmo que estejas entre poetas,
mesmo que penses como um poeta,
ou mesmo que te acompanhem pelas noites,
o absinto ou o escárnio,
ou mesmo que batam à tua porta,
Insanidade, Angústia ou Solidão,
se não as sentires como um poeta,
se não as sentires queimando em tua pele e comendo de tuas entranhas,
se não as sentires na proporção das dores que tem o mundo,
se não as sentires tiranizando e deglutindo tua alma,
não serás um poeta,
jamais serás um poeta,
e não serão teus versos mais que tempo perdido.