quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Poema das Horas

Onde foram parar meus 27 anos?
Não lembro de tê-los vivido...
Onde estão escondidas todas as horas?

Será que estão nas demoras,
das filas de padaria?

Estariam nas emoções que descartei,
nos nãos que acatei, silencioso e resignado,
ou mesmo nos sins que falei,
a penas de ter concordado,
por concordar?

Por qual dedo fugiram, astutos minutos?

Ou ficaram presos à agonia muda de um orgulho bobo?
Ou no aguardo da perfeição que inexiste?
Ou será, que de forma mais triste,
estão na angústia de viver tal tempo perdido?

Quiçá estejam na tentativa vã,
de dar à vida algum sentido...

Ou tenham mesmo se escondido,
na letargia covarde de quem não partilhou de meu afã...

E em qual dos 27 verões,
foram parar meus segundos?
Deixei-os surdos em serviço de outrem,
Ou em noites mal dormidas, como as de ontem?

Onde estão vocês, horas mortas,
senão no aguardo de quem não veio,
ou no meio de um erro ou outro?

E farão sentir-se como falta,
quando isso estiver morto,
as horas de tantos desgostos?

Temo que sim...