Que eu seja o coveiro que enterra a decência,
e que eu seja o terno do coveiro,
preto e fúnebre,
e que eu seja o funeral inteiro,
e as mãos enlutadas levando o caixão,
e a tristeza que não veio.
E que eu seja paetê e a pá e a terra,
e me derramem sobre a decência,
para que eu a sinta fria e morta sob mim.
E que eu seja a viúva e que eu não chore,
pois decência alguma merece lágrimas.
E que eu seja livre para a volúpia e a luxúria,
E que eu trepe e sambe sobre o caixão da decência,
E que eu seja meio do mais intenso carnaval,
diabolicamente divino,
divinamente humano e mortal,
quase que candidamente insano.
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