Abraço a tristeza
como uma velha amiga
que me traz versos.
Flertamos,
antecipando um coito
impuro e incomedido.
Trepamos.
No fim,
ela me abraça,
e não me quer deixa ir:
Diz que sente minha falta,
que tem saudades de meus versos,
e que eles eram tão seus,
e que tem ciúmes das coisas,
segundo ela menos bonitas,
que tenho escrito às outras.
Ela diz que gostaria de estar
nas linhas que tenho escrito,
e diz que éramos um,
feito carne e unha.
Eu a fito,
nua,
e sorrio.
Eu a fito e olho dentro dela
com a propriedade de quem a conheceu
como poucos.
Olho dentro dela
apenas por olhar,
sem rancor ou saudade.
Estamos ali,
ocupando o mesmo quarto,
mas não mais a mesma alma.
Eu a solto e me afasto,
e ela se vai, silenciosa.
E,
enquanto termino esses versos,
já somos estranhos.
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Tristranhos
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
Sangria
Entre o são e o insano,
tons de cinza
acordaram a metrópole.
Minha pressa e teu caos,
gêmeos de um delírio só,
como a luz dos teus olhos,
partiram,
pra ganhar o nada.
Era só um dia comum,
pra ser gasto feito esmola
que a vida cobra.
Na tarde arrastada,
teve o tempo morte alada
e costumeira:
Sem rastros ou sentido.
E o cair da noite
trouxe consigo
um convite e uma dor,
plenos de significado:
Aquele horizonte,
vermelho,
era todo a ausência de ti,
feito uma sangria n'alma.
tons de cinza
acordaram a metrópole.
Minha pressa e teu caos,
gêmeos de um delírio só,
como a luz dos teus olhos,
partiram,
pra ganhar o nada.
Era só um dia comum,
pra ser gasto feito esmola
que a vida cobra.
Na tarde arrastada,
teve o tempo morte alada
e costumeira:
Sem rastros ou sentido.
E o cair da noite
trouxe consigo
um convite e uma dor,
plenos de significado:
Aquele horizonte,
vermelho,
era todo a ausência de ti,
feito uma sangria n'alma.
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
segunda-feira, 15 de agosto de 2016
quarta-feira, 15 de junho de 2016
Coletivos de mim (poema coletivo)
*O poema abaixo foi feito por muitas mãos. As pessoas estavam em um bate-papo, e foram dizendo as frases e juntamos. O tema inicial era "Falta".
Lá fora é lua crescente,
e a tela é só tua ausência,
e se a tela me olha, nem estranho,
não te ver me levar à demência!
Tua falta me arde e me rasga,
essa dor que é saudade, e corrói,
se eu soubesse que amar tanto dói,
gritaria essa dor que me engasga!
Sozinha eu escuto o marulho,
desses nós de dentro mim,
como pôde o dizer do teu nome,
tão amado principiar o meu fim?
Se eu desejo apenas teu riso,
e nesse querer sempre me deparo,
é por ser caro esse amor que preciso,
e aos sete ventos por ti declaro!
Se sigo te querendo, e sou incompleto,
feito uma lástima num dia esquecida,
tenho o direito de fugir do teu tão perto,
pra não me ver num manicômio, enlouquecida!
Lá fora é lua crescente,
e a tela é só tua ausência,
e se a tela me olha, nem estranho,
não te ver me levar à demência!
Tua falta me arde e me rasga,
essa dor que é saudade, e corrói,
se eu soubesse que amar tanto dói,
gritaria essa dor que me engasga!
Sozinha eu escuto o marulho,
desses nós de dentro mim,
como pôde o dizer do teu nome,
tão amado principiar o meu fim?
Se eu desejo apenas teu riso,
e nesse querer sempre me deparo,
é por ser caro esse amor que preciso,
e aos sete ventos por ti declaro!
Se sigo te querendo, e sou incompleto,
feito uma lástima num dia esquecida,
tenho o direito de fugir do teu tão perto,
pra não me ver num manicômio, enlouquecida!
terça-feira, 14 de junho de 2016
terça-feira, 7 de junho de 2016
Pedro
Pedro [Micro-conto]
Pedro abriu a porta da estante. Dentro dela havia um fim de tarde muito bonito, e um gramado viçoso, onde corriam crianças com seus cães, brincando de pegar. Havia algumas pessoas sentadas sobre toalhas coloridas, lanchando. Todas aquelas pessoas verde-limão pareciam muito felizes. Pedro fechou a porta da estante, preocupado e pensativo: O que haveria na gaveta?
Pedro parou um instante: Não sabia se deveria abri-la ou não. A gaveta era menor, então talvez não comportasse uma tarde inteira... Será que haveria na gaveta as mesmas pessoas verde-limão? Será que também haveria nela crianças e cães? E se saíssem da gaveta exércitos de criaturas estranhas e desconhecidas? E se essas criaturas tomassem sua casa e sua rua, ou quem sabe, o mundo? Acalmou sua mente e seu coração, e pôs a mão direita sobre o puxador... sentiu a coragem crescendo dentro de si, sentiu-se bravo como um leão – "mas leões não são bravos..." – pensou – "leões são covardes... a gaveta” – suor sobre a testa, olhar fixo, o peso do mundo nos ombros... vagarosamente abriu a gaveta, como se abrisse a caixa de Pandora:
– “Por Deus! São duas colheres!”
Pedro abriu a porta da estante. Dentro dela havia um fim de tarde muito bonito, e um gramado viçoso, onde corriam crianças com seus cães, brincando de pegar. Havia algumas pessoas sentadas sobre toalhas coloridas, lanchando. Todas aquelas pessoas verde-limão pareciam muito felizes. Pedro fechou a porta da estante, preocupado e pensativo: O que haveria na gaveta?
Pedro parou um instante: Não sabia se deveria abri-la ou não. A gaveta era menor, então talvez não comportasse uma tarde inteira... Será que haveria na gaveta as mesmas pessoas verde-limão? Será que também haveria nela crianças e cães? E se saíssem da gaveta exércitos de criaturas estranhas e desconhecidas? E se essas criaturas tomassem sua casa e sua rua, ou quem sabe, o mundo? Acalmou sua mente e seu coração, e pôs a mão direita sobre o puxador... sentiu a coragem crescendo dentro de si, sentiu-se bravo como um leão – "mas leões não são bravos..." – pensou – "leões são covardes... a gaveta” – suor sobre a testa, olhar fixo, o peso do mundo nos ombros... vagarosamente abriu a gaveta, como se abrisse a caixa de Pandora:
– “Por Deus! São duas colheres!”
terça-feira, 24 de maio de 2016
Lótus
Da lama, vem o dilema,
drama, então seiva bruta,
subindo pelo xilema,
pra ter na folha a labuta.
Glicose a folha comuta,
de água, carbono e luz,
floêmica seiva produz,
nobre, limpa, impoluta,
que descendo, pelo floema,
conduz a planta à permuta,
pela seiva-saber-poema,
que a alma toca e transmuta!
Quão sábia é a natureza,
resultar de tanto labor,
profunda e bela pureza,
da Lótus, divina flor!
drama, então seiva bruta,
subindo pelo xilema,
pra ter na folha a labuta.
Glicose a folha comuta,
de água, carbono e luz,
floêmica seiva produz,
nobre, limpa, impoluta,
que descendo, pelo floema,
conduz a planta à permuta,
pela seiva-saber-poema,
que a alma toca e transmuta!
Quão sábia é a natureza,
resultar de tanto labor,
profunda e bela pureza,
da Lótus, divina flor!
segunda-feira, 23 de maio de 2016
Do absurdo
O absurdo está onde não estamos.
sábado, 21 de maio de 2016
sexta-feira, 29 de abril de 2016
Do que sei do Céu
Como escrever sobre o céu,
se não o conheço?
Do céu entendem os pássaros,
que tem nele um destino e um convite,
liberdade viva,
e um confino, e um limite...
Do céu entendem as estrelas,
que por ele, na noite dançam,
e a lua, que reflete o sol que antes foi dia...
Que hei eu de saber do céu,
se no céu não vivo?
O que sei do céu,
é que dele Deus tirou a cor dos teus olhos,
e desde então, dos teus olhos tem o céu inveja.
se não o conheço?
Do céu entendem os pássaros,
que tem nele um destino e um convite,
liberdade viva,
e um confino, e um limite...
Do céu entendem as estrelas,
que por ele, na noite dançam,
e a lua, que reflete o sol que antes foi dia...
Que hei eu de saber do céu,
se no céu não vivo?
O que sei do céu,
é que dele Deus tirou a cor dos teus olhos,
e desde então, dos teus olhos tem o céu inveja.
segunda-feira, 18 de abril de 2016
domingo, 17 de abril de 2016
Temerárido
Temerário é o uso do erário,
e ao vil expediente, diligente,
e nos contam o conto do vigário,
de servir o erário à gente!
O erário serve ao governante,
e seu uso não tem na decência um crivo:
Seja para a esposa, o filho ou amante,
seja verba desviada ou cartão corporativo,
o erário segue, como cortesã elegante,
que um político pedante conduz, lascivo.
Temerário é o uso do erário,
e ao vil expediente, diligente,
e nos contam o conto do vigário,
de servir o erário à gente!
O erário serve esse sujeito,
pouco honesto, o governante:
Seja em campanha ou n'algum pleito,
no calar funesto de ideia dissonante,
o erário segue servindo ao malfeito,
e ao mau jeito desses vermes eloquentes,
seja em artimanhas ou sanhas golpistas,
ou em atos populistas, improbes e indecentes.
Temerário é uso do erário,
e ao vil expediente, diligente,
e nos contam o conto do vigário,
de servir o erário à gente!
e ao vil expediente, diligente,
e nos contam o conto do vigário,
de servir o erário à gente!
O erário serve ao governante,
e seu uso não tem na decência um crivo:
Seja para a esposa, o filho ou amante,
seja verba desviada ou cartão corporativo,
o erário segue, como cortesã elegante,
que um político pedante conduz, lascivo.
Temerário é o uso do erário,
e ao vil expediente, diligente,
e nos contam o conto do vigário,
de servir o erário à gente!
O erário serve esse sujeito,
pouco honesto, o governante:
Seja em campanha ou n'algum pleito,
no calar funesto de ideia dissonante,
o erário segue servindo ao malfeito,
e ao mau jeito desses vermes eloquentes,
seja em artimanhas ou sanhas golpistas,
ou em atos populistas, improbes e indecentes.
Temerário é uso do erário,
e ao vil expediente, diligente,
e nos contam o conto do vigário,
de servir o erário à gente!
sexta-feira, 8 de abril de 2016
Subnominando
A cena diz mais de mim
e de tu, que dá cena.
No truque que encena,
no homem cruzando o beco,
eu vejo um ladrão,
o sindicalista um peão,
e o mendigo, pirão.
Pra cena, beco no homem,
todo mundo é ator:
O ladrão e o peão,
o mendigo e a fome;
Pra cena, beco do homem,
todo mundo é ator,
sendo ou não dor,
tendo ou não nome;
Na cena-beco, nu o homem,
o homem é o beco,
e o beco é o homem.
e de tu, que dá cena.
No truque que encena,
no homem cruzando o beco,
eu vejo um ladrão,
o sindicalista um peão,
e o mendigo, pirão.
Pra cena, beco no homem,
todo mundo é ator:
O ladrão e o peão,
o mendigo e a fome;
Pra cena, beco do homem,
todo mundo é ator,
sendo ou não dor,
tendo ou não nome;
Na cena-beco, nu o homem,
o homem é o beco,
e o beco é o homem.
quinta-feira, 7 de abril de 2016
CheuVer
Estruturam-se atordoados de átomos,
brotam conglomerados de células,
terrenos onde somos condomínio de ideias.
Será que chove?
brotam conglomerados de células,
terrenos onde somos condomínio de ideias.
Será que chove?
Rumanando
É preciso dar nome aos bois:
Marias, Pedros, Joões,
ruminando pelos currais
de suas subjetividades,
em filas de metrô,
nos bretes sujos dos centros,
pisando as dignidades
perdidas pelas parelhas
que por ali passaram,
rumando o abate diário
de quem poderiam ter sido.
Marias, Pedros, Joões,
ruminando pelos currais
de suas subjetividades,
em filas de metrô,
nos bretes sujos dos centros,
pisando as dignidades
perdidas pelas parelhas
que por ali passaram,
rumando o abate diário
de quem poderiam ter sido.
quarta-feira, 30 de março de 2016
Da afinidade
Afinidade é ponte ligando almas.
estreitempo
o tempo espreita
sem ser notado,
e se estreita,
ao morrer calado.
sem ser notado,
e se estreita,
ao morrer calado.
Pouco a pouco
Te perderei por desatenção:
Pelo Presente negado,
assim, sutil.
Te perderei nos minutos de atraso,
nessas pequenas escolhas quanto a cor,
perfume ou lugar.
Talvez te perca por escolher a hora errada
de dizer a coisa certa,
ou por escolher a hora certa
de dizer desnecessarisinceridades...
Te perderei assim,
por não notar o que não importa.
Pouco a pouco, sem Querer,
quase que não querendo,
é assim que te perderei:
Pequenas prestações de conta velha
que o tempo cobra,
como obra que um artesão esculpe,
em cada entalhe-detalhe,
despretansiosa e minuciosa-mente.
Pelo Presente negado,
assim, sutil.
Te perderei nos minutos de atraso,
nessas pequenas escolhas quanto a cor,
perfume ou lugar.
Talvez te perca por escolher a hora errada
de dizer a coisa certa,
ou por escolher a hora certa
de dizer desnecessarisinceridades...
Te perderei assim,
por não notar o que não importa.
Pouco a pouco, sem Querer,
quase que não querendo,
é assim que te perderei:
Pequenas prestações de conta velha
que o tempo cobra,
como obra que um artesão esculpe,
em cada entalhe-detalhe,
despretansiosa e minuciosa-mente.
palavradas
palavras aladas
atadas por cordas,
saem, em hordas,
de dentro de mim,
contando que
palavras lavradas,
presas à terra,
enraízam quem erra,
dentro de mim,
doendo, porque
palavras mentidas,
mentira-esparrela,
chegaram-se dela
e armaram-se em mim,
preu cair, morto.
atadas por cordas,
saem, em hordas,
de dentro de mim,
contando que
palavras lavradas,
presas à terra,
enraízam quem erra,
dentro de mim,
doendo, porque
palavras mentidas,
mentira-esparrela,
chegaram-se dela
e armaram-se em mim,
preu cair, morto.
segunda-feira, 28 de março de 2016
Tequisla
Sal,
pele,
limão,
lábio,
língua.
Te
quis,
lá:
Tequila.
pele,
limão,
lábio,
língua.
Te
quis,
lá:
Tequila.
Realiverdades
Observo a folha.
Ela está mais verde que o normal,
ela está mais folha que o normal,
ela está mais verde do que folha.
Observo a mim observando a folha.
Que sou eu e o que é folha?
Seria a folha o verde que a folha pintou em mim,
ou seria a folha o verde que pinto em mim ao ver a folha?
Somos o ver da folha,
e há folhas verdes porque as vejo,
e há um eu porque voz em vós as vedes.
Ela está mais verde que o normal,
ela está mais folha que o normal,
ela está mais verde do que folha.
Observo a mim observando a folha.
Que sou eu e o que é folha?
Seria a folha o verde que a folha pintou em mim,
ou seria a folha o verde que pinto em mim ao ver a folha?
Somos o ver da folha,
e há folhas verdes porque as vejo,
e há um eu porque voz em vós as vedes.
sábado, 19 de março de 2016
Sêila
Que é a vida se não sonho que
se vive?
E que é o sonho senão vida
que se sonha?
Ser é saber do que se sente,
e sinto que és tão bela
quanto a luz permite.
És indesculpavelmente bela, e
mais
mais que o verbo alcança e o
sentido percebe.
És indecifravelmente bela, e
mais
mais que o distinguir o real
do sonho permitiria saber.
É tanto que não sinto,
é tanto que não percebo,
é tanto que não distinguo.
Apenas é assim:
Eu apenas Sêila.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
33
Me movo
pelo mundo ou o mundo se move por mim?
Passo pelo
mundo ou o mundo passa por mim?
Sou parte
do mundo ou o mundo é parte de mim?
Sou parte
do mundo ou o mundo parte de mim?
São 33
anos,
são 33
vidas,
às vezes
mais e noutras menos,
são.
Passo pelo
tempo,
E o tempo é
o lugar que o espaço ocupa:
O tempo é a
forma de não pirar da cuca.
São 33
anos,
são 33
vidas,
às vezes
mais e noutras menos,
louco.
Passo pelo
tempo,
e no tempo me
movo e estou contido:
O tempo é o
meio em que sou vivido.
Me movo
pelo tempo ou o tempo se move por mim?
Passo pelo tempo
ou o tempo passa por mim?
Sou parte
do tempo ou o tempo é parte de mim?
Sou parte
do tempo ou o tempo parte de mim?
São 33
anos,
são 33
vidas,
às vezes
mais e noutras menos,
lúcido.
Passo pelo mundo,
E o mundo é
o lugar que o tempo acontece:
O mundo é o
agora que o processo merece.
Me movo
pelo processo ou o processo se move por mim?
Passo pelo processo
ou o processo passa por mim?
Sou parte
do processo ou o processo é parte de mim?
Sou parte
do processo ou o processo parte de mim?
Mundo,
tempo, processo,
amor, espaço
e divino,
enquanto no
tempo não cesso
(e espero
que tarde o Destino),
pelo
Presente, presente passo,
atento ao que
passa pelo cristalino:
São 33 anos,
são 33 perspectividas.
domingo, 14 de fevereiro de 2016
Estando
Sou estar.
Um estar
constante e perecível,
e um tanto
sensível à lua cheia,
sou coração
e alma e processo,
e pele e
carne e sangue e veia,
que pelo
tempo trilha:
Sou essa
ilha, sou essa aldeia,
em meio ao
instante gasto,
e não sou
puro e nem sou casto,
nem alheio
ao pasto e ao ar,
por ser vida
e biologia,
levo essa
Vontade de arrasto,
bastarda
filha do respirar,
se
expandindo pelo lastro,
desse escuro
e vasto Universo:
Sou de Deus
o Verbo e o Verso,
divino réu
confesso vagando errante,
uma
ilha-aldeia em meio ao instante,
que nem sabe
porque existe.
Mas sou
feito de amor e éter,
que por ter
sido e ser, insiste,
em viver por
respirar,
e respirar
por aprender.
Sou crença
que perpetua no tempo,
por insistir
e crer que há razão de perpetuar-se,
nada mais,
nada menos:
D'Eus.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Paragens
Pedi ao vento que trouxesse amor,
e ele fez de mim poesia,
preu buscar o amor noutras paragens,
mas tudo o que via eram tuas imagens,
preu buscar o amor noutras paragens,
mas tudo o que via eram tuas imagens,
nessas damas que encontrei pelo caminho,
e minuano frio, segui sozinho,
e minha mente confusa pra mim mentia,
pois se eram as tuas imagens o que eu via,
sentia não amor, mas sim saudade,
falta e dor que só por maldade,
covarde em meu peito se instala e abriga,
me entala e maltrata e minha alma fustiga,
buscar-te nas outras, cidade em cidade.
Carnaval
Que eu seja o coveiro que enterra a decência,
e que eu seja o terno do coveiro,
preto e fúnebre,
e que eu seja o funeral inteiro,
e as mãos enlutadas levando o caixão,
e a tristeza que não veio.
E que eu seja paetê e a pá e a terra,
e me derramem sobre a decência,
para que eu a sinta fria e morta sob mim.
E que eu seja a viúva e que eu não chore,
pois decência alguma merece lágrimas.
E que eu seja livre para a volúpia e a luxúria,
E que eu trepe e sambe sobre o caixão da decência,
E que eu seja meio do mais intenso carnaval,
diabolicamente divino,
divinamente humano e mortal,
quase que candidamente insano.
Dia de Sul
O sol repousa, manso,
sobre o campo verde,
e a garoa fina
perfuma a terra.
O que dizer que não disse o dia?
sobre o campo verde,
e a garoa fina
perfuma a terra.
O que dizer que não disse o dia?
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Do olhar
Todo olhar serve a escolha.
domingo, 24 de janeiro de 2016
Baú
Pedi à lembrança um sorriso teu,
e ela me fez feliz:
Quis do tempo que parasse neste instante.
Não havia mais o que ver ou sentir:
Teu sorriso basta.
Não há mais mistério que importe,
não há mais Norte a seguir,
nem morte a temer,
pois teu riso, teu riso é a razão de haver,
átomos e ondas, matéria e energia:
Teu riso é cria e razão de ser do Universo.
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